domingo, 30 de junho de 2013

Dançando para não dançar




Eu danço mesmo é conforme a música. Se não dá para dançar com os pés e remexendo os quadris, balanço a cabeça, faço biquinho e aperto os olhinhos. De certeza mesmo é que sempre consigo rebolar com minha mente de dançarina de bordel (bordel de família, por favor!).



Quando recebi a notícia do 1° câncer de mama, em 2009, estava morando nos EUA. Vivia embalada pelas músicas americanas. Não muito diferente do que acontece aqui no Brasil. Porém lá, não tinha a opção, tão fácil, como ocorre por aqui, de variar com um sambinha ou com uma MPB da vida, de vez em quando.

Se não tem tu, vai tu mesmo; resolvi mergulhar na cultura americana e viver o “american dream”, hehehe.

Uma música que já chamava minha atenção, por lá, era “Everyday” do James Taylor, que como repetia a palavra rollercoaster (montanha-russa), eu pensava ser esse o nome da canção.

Ela foi a eleita para esse momento. Ouvia diversas vezes seguidas, repetia como um papagaio e a dançava, com moderação, quando havia oportunidade.

Quando voltei para o Brasil, imediatamente após o diagnóstico, a música me acompanhou e me trazia um misto de melancolia boa, por me lembrar da vida que eu gostaria de ter continuado por lá, e alegria por ter vivido aqueles momentos.

O que, normalmente, chama minha atenção na música é o ritmo, a melodia, nem ligo muito para a letra. Depois dessa primeira triagem e inúmeras repetições no meu ouvido, me detenho ao conteúdo da mensagem. Aí não tem mais jeito, já apaixonei, vou ter que cantarolar bobagens mesmo, no problem!

Essa música, Everyday, como a maioria, fala de amor. O amor está em tudo mesmo, então vamos logo nos conformando com isso. Só não me conformo quando vem da voz da Paula Fernandes; nunca!

Para mim, o que importa é que a música, na minha interpretação, é que remete às subidas e descidas da vida (viajei?). Descidas tão necessárias para irmos mais longe, mais rápido e mais alto; como em uma montanha-russa.

O James (o Taylor) é do meu time, dos carecas. Quão charmoso ele é... No palco, não precisa de looks ou performances, chega com sua roupa de servidor público (eu tb sou!), abre um sorriso e encanta, mesmo antes de soltar a voz... ai ai!



Dessa vez, recebi a notícia da voz do meu médico, na minha “praia”. Bem mais fácil, vamos combinar!

Não houve tempo para tristezas, melancolias, muitas lágrimas (só algumas) ou saudades.

Tinha que ser prática e montar minha estratégia de ataque. Saí do consultório com minha música eleita: “Love on Top” da Beyoncé.

Ela tocava no carro e eu tomava a decisão de que não caberia deprê nessa fase. Obedeço a minha escolha à risca.

Danço, danço, danço... essa e muitas outras, a que tocar, a que me mover, a que me empolgar.


Como sou tímida (acreditem!), escolho lugares à prova de olhares... Meu banheiro é o lugar ideal. Na verdade, tenho uma “sala de banho” que me permite fazer aquele sambinha, de ladinho, do Carlinho de Jesus, com desenvoltura.


Da coreografia da Beyoncé já captei a parte onde ela aponta o dedo indicador para o chão e o mexe freneticamente, enquanto balança os quadris, claro, não poderia ser tão fácil assim.

Seguir os passos dela é tarefa árdua e exige um grau de habilidade 10. Devo estar na escala lá pelo menos 2. Ainda tem um agravante, colocaram uns negões atrás dela que tiram toda minha atenção, só pode ser de propósito...

Acredito no ditado “Quem canta seus males espanta”.

Dito isso, solte a voz e mexa daí que eu remexo daqui.

Um video da Cameron Diaz (Heaven - em Charlie's Angels) para inspirar:



segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sem noção tamanho PP

A “sem-gracisse” da sala do Laboratório foi quebrada com a entrada de uma menininha de mãos dadas com sua mãe.

As duas pararam em frente à máquina de senhas.

Enquanto a mãe folheava uma meia dúzia de papéis a menininha se enroscava na perna da mãe, tipo um bicho preguiça, ao tempo que dava uma geral, com seus olhinhos infantis, no povo do recinto.

Passou rapidamente por todos. Não parecia ter nada de interessante por ali mesmo... Não fosse por uma mulher, um tanto estranha, que a encarava com um sorriso amigável no rosto: EU!

Eu amo crianças! Adoro ficar observando seu jeitinho, suas reações... A espécie que chama mais minha atenção é a que não emite sons muito aterrorizadores, as que não são chegadas a caretas, nem a línguas para fora; simpatizo, particularmente, com as que não jogam objetos em minha direção, não chutam a minha canela, nem puxam o meu cabelo (problema minimizado por hora). Me conquistam instantaneamente as que sorriem e permanecem assim, paradinhas, como em uma pintura de Renoir. Prefiro mesmo as que estejam acompanhadas de pais atentos. Essa fofinha não estava, suponho. Mas também não dá para ser tão rigorosa assim...

A lindinha ficou me olhando insistentemente, e eu, para ela. Parecia até aquela brincadeira de quem piscar primeiro, perde. A diferença é que eu sorria para ela e ela me encarava seriamente.

Quer ver que ela estava me olhando porque eu estava olhando para ela... Desviei o olhar por alguns segundos.... e nada! Ela havia “gostado” de mim.

Cheguei à conclusão que a culpa só poderia ser da toquinha preta que usava naquele dia. Em épocas de cabelo isso não aconteceria comigo...

Dei razão a ela. Muito sinistro uma mulher de toquinha preta no meio de uma sala de exames.

Tem criança que tem medo de palhaço... Acho que ela estava com certo receio de mim. Quanto mais ela me olhava, mais se enroscava na perna da mãe.

Poderíamos ficar nos encarando a manhã inteira se não fosse a entrada triunfal de uma mulher com uma perna dura, usando uma muleta.

Muleta + perna dura chamam bem mais atenção que uma simples e inofensiva toquinha,  descobri isso naquele dia.

Todos os olhares da sala se voltaram para a mulher da perna dura, inclusive o meu. Tinha que saber quem havia sequestrado o olhar da garotinha de mim.

A mulher da perna dura desfilava, toda lampeira de lá para cá e de cá para lá, sem nenhuma timidez. Já devia estar acostumada com a atenção que ela chamava.

A menininha me esqueceu de uma vez por todas.... aaahhhhh....

Eu fiquei com vontade de contratar a mulher da perna dura para passear comigo por aí.  Quem sabe eu não poderia passar incólume pelas pessoas “sem noção”. 

Afinal, nem todos os “sem noção” são de tamanho PP.


Será que funcionaria?

domingo, 9 de junho de 2013

A quantas anda o tratamento



Diante que um dos objetivos desse blog é dar notícias do tratamento, vamos lá:


- Continuo com as séries de quimioterapia, já que, todo mundo sabe, em time que está ganhando não se mexe.

Ontem fiz a 3ª e última sessão do 3° ciclo. Devem ser 5 ou 6 no total.

Terei uma semana de descanso de quimio. 

É sempre assim, 3 de quimio para 1 de folga. Essa semana a folga será estratégica para me preparar adequadamente para a torcida da Copas das Confederações, afinal o Brasil depende de mim. Pode ficar frio que garanto aqui em Brasília... BRASIL!!!!

- As gotinhas da homeopatia acabaram. Preciso voltar com o Dr Gotinha urgente. Andei saracoteando no final de semana passado e a enxaqueca, enjoo,  tontura, essas coisas que eu tinha, me encontraram de novo. 

Atribuo ao Dr Gotinha a tolerância que agora eu tenho à luz. Como eu poderia querer ser uma pessoa iluminada e ter fotofobia? É isso que eu digo sobre não saber desejar...

- O meu tratamento espiritual segue firme e forte. Eu ataco de passes espirituais, água fluidificada, leitura do Evangelho, outras leituras e conversas edificantes; além de santinhos, orações, preces, agradecimentos e mentalizações positivas. 

Sei que meus queridos se valem de outros recursos, igualmente válidos, como missas, cultos, terços, novenas, rezas e mandingas diversas. A minha sogra disse que a amiga dela reza para mim em japonês, e o curioso é que ela não fala japonês, mas tenho certeza de que estão todas sendo ouvidas.

Fico imensamente agradecida com todas essas boas vibrações para minha total recuperação e, ao mesmo tempo, tranquila em saber que essas bênçãos retornarão em dobro para essas pessoas. Que assim seja!

- Na alimentação, apesar da louca vontade de atolar o pé na jaca, sigo na dieta rigorosa, que na quantidade se assemelha a da Victória Beckham, com a qualidade de um desportista de ponta... um Cesar Cielo da vida, sem os suplementos, as barras e os shakes, afinal não precisarei cair na piscina.

Minha dieta tem a criação, supervisão e mão na massa da mamãe (com a ajuda da minha secretária do lar) que me controla com mãos de ferro, que por sua vez é controlada pelo papai... hehehe (Tenho que sarar logo!!!)
Obrigada queridos pais! 

Dieta é coisa que dá para deprimir... Pior é que nem dá para aplicar o drible da vaca nela, como fazia nas minhas “dietas” anteriores, que a rebordosa vem a galope. Início dessa semana o negócio foi brabo... Fui aprontar...

- Na cromoterapia, continuo recebendo sessões de cores diversas, atacando os mais diferentes problemas, que vão desde espinhas no rosto (tenho que cuidar do look!), até o reforço da imunidade.

Se não nasci colorida na alma, agora pode ter certeza que estou me transformando num arco-íris, e no final, no mínimo, terá um pote de ouro bem ao lado do meu pé esquerdo.

Atribua à ela a minha imunidade reforçada. Luzinhas poderosas!


Na verdade, todos esses cuidados juntos e bem misturadinhos estão fazendo toda a diferença nesse processo que está passando, passando e já vai passar de vez.

Como já disse antes: “Até aqui vamos bem!”


Obrigada!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

BLOG Autônomo

Aproveito o espaço para tentar esclarecer uma coisa que não sei explicar. "Cumã"?

Algumas pessoas me perguntaram por onde anda a opção “Anônimo” que havia abaixo das postagens, quando se queria colocar um comentário.

- Vai saber!

Diante da minha campanha “Comentário Já!”, que eu poderia dizer que está funcionando, teria eu que dar uma solução para essa problemática, a qual poderia impactar negativamente nos frutos da mesma, nos comentários, claro!

Depois que o meu filho disse que só quem comentava no meu blog era uma meia dúzia de 3 ou 4 pessoas (a minha licença poética permite-me redefinir “dúzia”)... é uma questão de honra provar o contrário.

Tentei! Tentei!

Como diria o meu ex-chefe, o problema deve estar entre o teclado e a cadeira (hehehe... engraçadinho ele!).

Desconfio que o blog (bulogui, como o chamo) tomou vida própria. Se lançou no Google + (o que é isso?) e eliminou os "anônimos" do seu terreno. Para completar, sumiu com os meus comentários das páginas secundárias, mas não menos importantes. NÃÃÃOOO!!!! OOHHH NÃÃOO!!!

Quando eu digo que não dá para confiar nesse mundo virtual... Pior é que estava cheio de dicas de filmes, receitas e coisa e tal, que eu não havia copiado para o fiel papel velho de guerra... perdi! Humpf!

Reclamar para quem?

Só me resta aceitar os vôos autônomos do bulogui e suas crises existenciais.

Resumindo, agora só quem tiver conta no Gmail (email no Gmail) é que poderá comentar. AAAhhhhh!!!! Mas abrir uma conta de email não é tão difícil assim...

E a campanha “Comentário Já!” continua valendo... rsrsrs

Ah, e se alguém não achou meu e-mail por aí, então lá vai:

stella.miranda123@gmail.com


sábado, 1 de junho de 2013

Se eu consigo...

Já ouvi dizer que nós somos o resultado de nossas mentes e que as coisas acontecem em nossas vidas de acordo com o que atraímos em nossos pensamentos.

– Lascou-se!

Eu penso que concordo com isso. Concordar é admitir que estou no controle dos acontecimentos que me dizem respeito.

Se por um lado isso facilita as coisas, por outro lado traz uma responsabilidade enorme.  Olha o estresse!

Agora vou ter que ser também “Vigia de Pensamento”. – Tá danado! Já ando acumulando tantas funções... Mas essa é bem importante, pois parece que poderá determinar o meu futuro.

Também já ouvi umas más línguas dizendo por aí que nossa mente reflete quem somos. – Ainda mais essa... Se somos um caos, nossa mente é caótica; se desorganizados, mente bagunçada; se calmos e metódicos, mente sã, perfect! – Digno e justo!

Primeiro passo é identificar onde estou nessa escala entre a perfeição e o caos.

Quando penso nos meus armários, prateleiras e gavetas, vejo tudo dobradinho, em pilhas que em nada remetem à Torre de Pisa; coisinhas diversas separadas em organizadores rosa (bem Penélope Charmosa, irck!); camisas penduradas em cabides pretos e somente pretos (básico!); calças compridas distribuídas por tonalidades e tecidos; enfim, poderia me vestir em total black out e saberia muito bem como estaria vestida; resumindo, na  escala, próximo à perfeição.

No setor “cuidados pessoais”, refletores sobre o fundamental: maquiagem. Batons classificados em pequenas gavetas de acrílico, por tons, do mais fraco “cor de boca” (adoro essas cores subjetivas) ao mais concreto “vermelho sangue”, quando este ainda corre nas veias de uma pessoa vivinha da silva; passando pelo roxo “sangue necrosado”, reservado para as noites de Halloween.

Organizadores de acrílico transparente deixam as minhas gavetas do banheiro clamando para serem abertas a fim de exibirem sua boa forma.

Esse mundo dos organizadores como tem crescido ultimamente. Há, no mínimo, 5 corredores na Leroy Merlin especialmente para eles. São caixinhas de todos os tamanhos, modelos, cores, e materiais; são nichos; colmeias  prateleiras; separadores... um parque de diversões! Faz muito sucesso para esse povo, que como eu, pensa que organizando o armário irá deixar a mente, e consequentemente a vida, em ordem.

Em minha defesa alego que temos que começar por algum lugar, certo?

Comecei pelo meu armário. Tento, sem relevante sucesso, porém, expandir minhas fronteiras pelo resto da casa. Primeiro obstáculo: Escritório.

O escritório, assim como a casa toda, pertence a todos os integrantes dessa família. Mas por usucapião e por prazer acentuado (e diria exacerbado) do meu marido em estudar, esse ambiente é mais dele. Nesse compartimento não posso impingir o meu modus operandi de organização. Tenho que aceitar a “bagunça criativa” dele. Então tá né? O bom guerreiro reconhece a hora de recuar...

Passando pelo quarto do adolescente, com 4 gritos e mais umas 3 repetições dos mesmos 4 gritos, com intensidades sempre crescentes, resolve-se a parada. Educar é isso: persistência!

No resto da casa, sob o domínio da secretária do lar, está tudo sob controle.

Analiso que isso é um bom começo...

Lugar na Escala: tendendo para o lado da perfeição.

Voltando à mente...

Quando eu estudava com o meu marido, também tínhamos conflitos de organização, mas dessa vez na mente. Ele dizia que o conhecimento, que ele adquiria, era compartimentalizado.  – Como assim? O conhecimento adquirido, ele colocava em compartimentos estanques, catalogado e sistematizado por assunto. Tudo isso na mente. – Como pode? Ele alegava que é assim que os engenheiros fazem...  Peraí, eu também sou engenheira. Humpf!

Tentei tornar-me um deles, na mente, mas meus conhecimentos continuam lá, misturadinhos mesmo, no baú da vovó. Prefiro compartimentalizar os meus míseros 2 nichos que tenho direito na gigante estante do escritório.

Posição na Escala: tendendo, com vontade, para o caos.

Confesso que minha mente não merece mesmo prêmio por organização. Mas agora dependo dela. É um momento crítico. Faço o que posso para minimizar minhas deficiências e maximizar meus pontos positivos. Cerco-me de pessoas, lugares, filmes, músicas, livros, situações que me fazem concentrar em coisas boas. Focar na alegria, no otimismo, na fé, na esperança. Mirar no futuro, valorizando o presente.

Eu consigo porque não estou só, assim como ninguém está. Nossos queridos, que os olhos podem ver, e nossos amados, que podemos sentir, estão conosco, todo o nosso caminho, principalmente em nossas tribulações.

Se eu consigo, você consegue!



“Tamo junto!” 
“Vamo junto!” 
“Simbora galera!”