Eu
danço mesmo é conforme a música. Se não dá para dançar com os pés e remexendo
os quadris, balanço a cabeça, faço biquinho e aperto os olhinhos. De certeza
mesmo é que sempre consigo rebolar com minha mente de dançarina de bordel
(bordel de família, por favor!).
Quando
recebi a notícia do 1° câncer de mama, em 2009, estava morando nos EUA. Vivia
embalada pelas músicas americanas. Não muito diferente do que acontece aqui no
Brasil. Porém lá, não tinha a opção, tão fácil, como ocorre por aqui, de variar
com um sambinha ou com uma MPB da vida, de vez em quando.
Se
não tem tu, vai tu mesmo; resolvi mergulhar na cultura americana e viver o
“american dream”, hehehe.
Uma
música que já chamava minha atenção, por lá, era “Everyday” do James Taylor,
que como repetia a palavra rollercoaster (montanha-russa), eu pensava ser esse
o nome da canção.
Ela
foi a eleita para esse momento. Ouvia diversas vezes seguidas, repetia como um
papagaio e a dançava, com moderação, quando havia oportunidade.
Quando
voltei para o Brasil, imediatamente após o diagnóstico, a música me acompanhou
e me trazia um misto de melancolia boa, por me lembrar da vida que eu gostaria
de ter continuado por lá, e alegria por ter vivido aqueles momentos.
O
que, normalmente, chama minha atenção na música é o ritmo, a melodia, nem ligo
muito para a letra. Depois dessa primeira triagem e inúmeras repetições no meu
ouvido, me detenho ao conteúdo da mensagem. Aí não tem mais jeito, já
apaixonei, vou ter que cantarolar bobagens mesmo, no problem!
Essa
música, Everyday, como a maioria, fala de amor. O amor está em tudo mesmo,
então vamos logo nos conformando com isso. Só não me conformo quando vem da voz
da Paula Fernandes; nunca!
Para
mim, o que importa é que a música, na minha interpretação, é que remete às
subidas e descidas da vida (viajei?). Descidas tão necessárias para irmos mais
longe, mais rápido e mais alto; como em uma montanha-russa.
O
James (o Taylor) é do meu time, dos carecas. Quão charmoso ele é... No palco,
não precisa de looks ou performances, chega com sua roupa de servidor público
(eu tb sou!), abre um sorriso e encanta, mesmo antes de soltar a voz... ai ai!
Dessa
vez, recebi a notícia da voz do meu médico, na minha “praia”. Bem mais fácil,
vamos combinar!
Não
houve tempo para tristezas, melancolias, muitas lágrimas (só algumas) ou
saudades.
Tinha
que ser prática e montar minha estratégia de ataque. Saí do consultório com
minha música eleita: “Love on Top” da Beyoncé.
Ela
tocava no carro e eu tomava a decisão de que não caberia deprê nessa fase.
Obedeço a minha escolha à risca.
Como
sou tímida (acreditem!), escolho lugares à prova de olhares... Meu banheiro é o
lugar ideal. Na verdade, tenho uma “sala de banho” que me permite fazer aquele
sambinha, de ladinho, do Carlinho de Jesus, com desenvoltura.
Da
coreografia da Beyoncé já captei a parte onde ela aponta o dedo indicador para
o chão e o mexe freneticamente, enquanto balança os quadris, claro, não poderia
ser tão fácil assim.
Seguir
os passos dela é tarefa árdua e exige um grau de habilidade 10. Devo estar na
escala lá pelo menos 2. Ainda tem um agravante, colocaram uns negões atrás dela
que tiram toda minha atenção, só pode ser de propósito...
Acredito
no ditado “Quem canta seus males espanta”.
Dito
isso, solte a voz e mexa daí que eu remexo daqui.
Um
video da Cameron Diaz (Heaven - em Charlie's Angels) para inspirar: