Alguns
pirralhos devem estar pensando “tia, acho que você já alcançou o seu objetivo”...
hehehe. Mas digo para esses fofos que “Não é bem esse estágio da vida a que me
refiro. É um pooooouco mais adiante”. Avante!
Quero
viver a fase da calma, da paz, da espera.
Espera pelos netos! Já catequizei
meu único filho (por enquanto) que ter um filho só é para os fracos.
Pretendo
me fortalecer em breve.
Meu
“velho” vem sem rótulos de “3ª idade”, “melhor idade”... quero apenas ser
velha!
Desfrutar
do tempo, sem correrias, sem obrigações, sem rotina. Tempo para pensar,
refletir, orar e quem sabe aconselhar... Será que encontrarei a vítima perfeita
que possa ouvir minhas experiências? Prometo que não serei muito falante. Já
repetitiva... não posso garantir... sabe a memória...
Não
precisarei carregar o estigma de tricoteira ou crocheteira, até porque odeio
agulhas. Irei para cozinha sim. Eventualmente. Quando der vontade de fazer
gostosuras de vovó. Não jogarei baralho, nem dominó; nada de jogatina, meu
tempo não estará tão ocioso assim...
Com
certeza não serei uma velha com cara de tamborete esticado. Acho lindo rugas
que provém de sorrisos, gargalhadas, beijos, biquinhos, olhares charmosos ou
bocas sensuais e até as que se formam por sustos, preocupações, caretas...
Todas contam um conto da nossa história.
Admiro
os cabelos brancos. Presos ou soltos. Curtos ou médios. Longo não mamãe! Longo
não!
Acho curioso os coloridos. Se eu decidir optar pelo estilo “crazy old lady”,
usá-los-ei indubitavelmente. Até lá decido!
Cada
fase da vida é realmente muito especial. Acho que todos nós deveríamos vivê-la
em sua plenitude. Com consciência. Respeitando as outras faixas etárias que
temos o prazer de poder conviver. Cada geração seguindo o ritmo de sua época.
Lembrando que ou já passamos por ela, ou para lá iremos.
Quero
ser velha e ter o direito de falar e fazer o que quiser, sem ligar para o que
vão pensar. Eles que pensem o que quiserem. Calma, Calma, pretendo ser bem mais
“cabeça sentada” daqui para lá, ou não... hehehe
Meu
filho já decretou “Mamãe, não se preocupe, vejo você com noventa e poucos anos”.
E eu acredito nele. Para quem não conhece a figura, é de poucas palavras, tipo
eu e o pai. Então quando fala... Tenho dito!
Pretendo estar acompanhada do meu velho. Resta saber o que ele pretende... Vai saber! Qualquer imprevisto começo a frequentar as festas dos anos 80, estarão bombando!
Medo
da morte? Não tenho nem um pouco. O caso é de amor à vida mesmo... Iiihhh! É o
título da novela... nem vem Walcyr! Cada uma!
Não
faço questão de ser idosa (politicamente correta), quero ser é velha mesmo.
Daquelas ora rabugentas (acho hilário velho rabugento! Vorocos!), ora palhaça
(as piadas ficam bem mais deliciosas ditas por eles. Voroco Arruda!), ora doce
(serei permitida até para os diabéticos), ora, o que me der na telha. Serei
velha! Eu poderei!
Decidi também ser uma velha ativa. Dessas que dançam, viajam, fazem hidroginástica,
caminhadas, cuidam do jardim e trabalham. Sim trabalharei! Não há como abrir mão
da labuta. Acredito que “o trabalho dignifica o homem” além de ser
imprescindível para a sociedade. Então, seguirei no trampo!
E
vamos combinar de parar com o preconceito... Ser velho é bom! Mas os próprios velhos não
querem ser velhos. Dizem que se sentem jovens. Tudo bem, que bom! Velhos com
espírito jovem. Perfeito! Para mim está de bom tamanho assim.
Vou
chegar lá, se Deus quiser... Vou com calma, passinhos curtos, vivendo um dia de
cada vez, com muita paciência, mansuetude, postura zen... Afinal já tenho que
ir treinando o estilo velho e lindo de ser.