quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E no reino da princesa...


No dia 31 de agosto fiz minha última químio.

Um misto de alívio e ansiedade tomou conta de mim.

Se por um lado era hora de comemorar o fim de um ciclo, por outro ainda precisava fazer uns últimos exames.

Não sentirei falta dos compromissos às sextas (químio), das furadas, de ficar quietinha na cadeira da clínica por algumas horas. 

Não lamentarei desencarnar a Princesa Careca. Acho que ela já deu o seu recado. Deu uma colorida no seu reino, ciceroneou seus convidados, contou suas histórias, aprendeu muitas coisas diferentes e fez novos amigos.

Só que antes de sair de cena, a princesa ainda teria que passar por algumas emoções...

Mais um Pet-Scan deveria ser feito, e assim o foi.

Diferentemente do exame efetuado no meio do tratamento, em que o astral geral conduzira à tranquilidade total; esse foi com suspense.

O médico do exame estava cheio de segredinhos, disse que não poderia revelar  precipitadamente o resultado, teria que analisar melhor. 

Como respirar nos próximos 3 dias que se seguiram?

Uma vez o laudo nas mãos do meu médico oficial, constatou-se alguns pontinhos pelo meu corpo. Poucos e talvez sem nenhum significado sério. Mas o fato é que eles estavam lá.

Provavelmente esses sinais significavam os 3 pontinhos das “reticências” e não a alarmante “exclamação”. A “interrogação” está presente na vida de todos nós, não é mesmo? Nem precisaria de um exame tão minucioso para detectá-la. Então nem considerei essa possibilidade.

A verdade é que o tão desejado “ponto final”, único e inconfundível, não foi possível ser repassado para mim, naquele momento.

Acho que momentaneamente entristeci.

Esperava que o doutor dissesse: “Desapareça daqui!” “Vá, você está curada!”.

Acho que ele se apegou a mim e não teve coragem de dizer isso. Na próxima consulta vou sugerir de nos encontrarmos em um shopping, e conversarmos entre uma vitrine e outra... bem melhor! Duvido que estressarei com suas palavras...

Deduzi que terei que dividir com os escoteiros o lema “Sempre alerta!” por muuuuito tempo.

Com o passar dos dias, conformei-me, e achei que isso chama-se “prudência”, e era assim mesmo que deveria ser.

Não daria mesmo para enterrar esse passado e fingir que nunca aconteceu. Terei que conviver com isso e encarar da mesma forma que levo o restante dos acontecimentos da minha vida: “Numa boa!”.

Amigos, não irei abandonar o blog, muito menos as pessoas que passam por aqui (o e-mail está aí para nos comunicarmos).

Pretendo ainda postar algumas coisas que penso poder servir para outras princesas que escrevem, nesse momento, as mesmas páginas que já virei da minha história e quem sabe mostrar a transformação da “Princesa Careca” em “Rapunzel Enigmática” (virão loiros? cacheados? castanhos? lisos? brancos?).

O futuro? Bem, pelo mesmo ele será embalado pelo som do Gilberto Gil: “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar...”