Seria
bem mais fácil viver nos tempos da Tropicália...
Enquanto
Caetano Veloso cantava “É proibido proibir” em uma noite de domingo, em 1968,
no Teatro da Universidade Católica de São Paulo; ao público restava o papel de
vaiar furiosamente a canção.
Ao passo que, para mim, projeto de gente, caberia preparar-me para adentrar a terra em breve.
Sorry
para o Caetano Veloso que não conseguiu defender a mensagem de sua canção.
A
música não pegou, mas o lema “É proibido proibir” foi adotado por muitos filhos
de maio de 1968.
Perdi
essa onda, onde tudo deveria ser permitido. Não colou eu querer utilizar o
procedimento usual dos meus antecessores. Resolvi, então, inventar meu próprio
mantra: “É proibido reclamar”.
É
difícil, porém tenho o levado bem a sério.
A
vontade, quase incontrolável, de queixar-me, vem, mas tento resistir
bravamente.
Respiro!
Respirar
é um ótimo exercício para dar um tempo ao status
quo e tentar uma reviravolta em sua postura.
Quando
estou comigo mesma é o que faço. Me olho. Se não dá para olhar olhos nos olhos,
no “espelho, espelho meu”, me imagino, vejo meus pontos positivos, olho para
dentro, foco nos pontos fortes e tento dar uma minimizado no meu problema
momentâneo. Desprezando quem sabe ele vai embora.
Já
quando estou acompanhada e surge-me a oportunidade de fazer um “comentário
reclamativo”, suavizo começando a frase com um discreto “Não é reclamando não,
mas...”.
Dito
isso, o que vier depois está perdoado e, portanto, não será contabilizado como
infração grave à minha mais nova lei de conduta: “É proibido reclamar!”.
Cabe
ressaltar (homenagem a SOF *) que é uma lei pessoal e intransferível Um desafio que prego a mim mesma, e só a mim. Bem verdade que escorrega um pouco para o
filhão, que do jeito que pego no pé dele (com muito amor), em breve será
canonizado. Só que não!
Aos
outros, confesso que admiro o poder inventivo de suas reclamações. Acho
divertido!
Não
que eu ache graça da desgraça alheia... Oh não!
Refiro-me às pequenas coisas do dia a dia, que nem sei bem se poderiam ser classificadas
como reclamações. Estariam mais para rabugices: A calça que encolheu ou a
barriga que cresceu; o cabelo não domável ou a falta dele; o calor infernal ou
o frio de lascar; a comida salgada ou a sem graça; os motoristas apressadinhos
ou o trânsito que não flui; o excesso de trabalho ou a falta dele... são tantos
os detalhes no nosso dia a dia que fogem à nossa percepção.
Reclamando,
será que melhora? Um desabafo as vezes melhora, dividir seu problema com alguém
alivia. Extravasar, por hora, resolve.
Pode
desabafar comigo, que posso ser toda ouvidos...
Não
pretendo chegar a ser nenhuma monja zen budista. Apesar de que se olhar
direitinho já comecei praticando pela ausência de cabelos, pela simpatia pelo laranja
e pela vontade (ainda controlável) de meditar. Será? Acho que não!
O
pacto que fiz foi comigo mesma. Eu o elaborei, assinei, entreguei-me, re-li e
assinei em baixo. Testemunha: eu! Beneficiada ou prejudicada; euzinha mesma.
Não
posso reclamar de mim. Não posso brigar comigo ou ficar com raiva de mim. Me
lamentar da vida. Implicar comigo. Não me gostar em nenhum instante, nem quando
acordo, nem quando não durmo (e isso não é reclamação!). Não me perdoar, é
proibido. Não querer estar na minha pele, nunca!
Eu
me amo! Isso é amor antigo, testado pelos acontecimentos e solidificado com o
tempo.
Só
tenho o direito de reclamar de mim mesma para mim com o intuito de me melhorar.
Melhorar para mim mesma e para os outros.
Não
sei se vou conseguir, se já consegui algum progresso, mas não deixo de
tentar e torcer por mim mesma: “Ô, Ô, Ô, a Stella é o terror!!!”.
*SOF
– Secretaria de Orçamento Federal
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