quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E no reino da princesa...


No dia 31 de agosto fiz minha última químio.

Um misto de alívio e ansiedade tomou conta de mim.

Se por um lado era hora de comemorar o fim de um ciclo, por outro ainda precisava fazer uns últimos exames.

Não sentirei falta dos compromissos às sextas (químio), das furadas, de ficar quietinha na cadeira da clínica por algumas horas. 

Não lamentarei desencarnar a Princesa Careca. Acho que ela já deu o seu recado. Deu uma colorida no seu reino, ciceroneou seus convidados, contou suas histórias, aprendeu muitas coisas diferentes e fez novos amigos.

Só que antes de sair de cena, a princesa ainda teria que passar por algumas emoções...

Mais um Pet-Scan deveria ser feito, e assim o foi.

Diferentemente do exame efetuado no meio do tratamento, em que o astral geral conduzira à tranquilidade total; esse foi com suspense.

O médico do exame estava cheio de segredinhos, disse que não poderia revelar  precipitadamente o resultado, teria que analisar melhor. 

Como respirar nos próximos 3 dias que se seguiram?

Uma vez o laudo nas mãos do meu médico oficial, constatou-se alguns pontinhos pelo meu corpo. Poucos e talvez sem nenhum significado sério. Mas o fato é que eles estavam lá.

Provavelmente esses sinais significavam os 3 pontinhos das “reticências” e não a alarmante “exclamação”. A “interrogação” está presente na vida de todos nós, não é mesmo? Nem precisaria de um exame tão minucioso para detectá-la. Então nem considerei essa possibilidade.

A verdade é que o tão desejado “ponto final”, único e inconfundível, não foi possível ser repassado para mim, naquele momento.

Acho que momentaneamente entristeci.

Esperava que o doutor dissesse: “Desapareça daqui!” “Vá, você está curada!”.

Acho que ele se apegou a mim e não teve coragem de dizer isso. Na próxima consulta vou sugerir de nos encontrarmos em um shopping, e conversarmos entre uma vitrine e outra... bem melhor! Duvido que estressarei com suas palavras...

Deduzi que terei que dividir com os escoteiros o lema “Sempre alerta!” por muuuuito tempo.

Com o passar dos dias, conformei-me, e achei que isso chama-se “prudência”, e era assim mesmo que deveria ser.

Não daria mesmo para enterrar esse passado e fingir que nunca aconteceu. Terei que conviver com isso e encarar da mesma forma que levo o restante dos acontecimentos da minha vida: “Numa boa!”.

Amigos, não irei abandonar o blog, muito menos as pessoas que passam por aqui (o e-mail está aí para nos comunicarmos).

Pretendo ainda postar algumas coisas que penso poder servir para outras princesas que escrevem, nesse momento, as mesmas páginas que já virei da minha história e quem sabe mostrar a transformação da “Princesa Careca” em “Rapunzel Enigmática” (virão loiros? cacheados? castanhos? lisos? brancos?).

O futuro? Bem, pelo mesmo ele será embalado pelo som do Gilberto Gil: “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar...”



domingo, 15 de setembro de 2013

Será que dá para passar?


Considero-me uma boa aluna. 

Pelo menos, esforçada eu sou.

Agora, temendo levar pau na Escola da Vida, ando de olho vivo nos ensinamentos desses meus coleguinhas (professores) de classe.

Nasci aprendendo com uma mãe amorosa e abnegada, meu exemplo na dedicação aos outros e com um pai vigilante, com uma preocupação carinhosa comigo, meu exemplo de retidão no trabalho.

Hoje, meus mestres diários são o Ângelo, que me coloca os pés no chão, a cabeça nos “céus” e o coração ocupado de amor e João que tenta me ensinar a ser melhor, mas insiste mesmo em querer que eu seja mais “relax”. Um dia...

Ultimamente os profissionais da medicina me fizeram querer ter tido vocação para a área, me mostraram a dedicação profissional e nem por isso menos sentida e valorizada.

As minhas amigas queridas que me ajudam tanto: 



Érica, menina de tantas qualidades e excelente influência, e isso tudo na tranquilidade, sem alardes.

Silvia, mulher alegre, cheia de vida. Jeito expansivo. Tento copiar dela o talento para agregar pessoas.

Rosana, amiga fofa que me ensina a não me preocupar com detalhes e focar no que importa.



Amigas amadas de infância... já foram-se tantos anos que já deveria estar pós graduada... Cadê meu diploma????

Kharen, que me mostrou que irmã também se escolhe e essa papo de “sangue” está furado.

Luciana, me provou que não há distância para uma real amizade. Convivendo com ela de pertinho, tentei aprender a ser justa e carinhosa com todos.

Verinha, muito fácil ser sua amiga desde sempre. Da nossa viagem recente aprendi a colocar dedicação em tudo.

Glauce, essa amiga parece que está à frente de tudo... só me resta observá-la e “correr atrás”.



Família é realmente uma coisa especial, dizem que o sangue fala alto, né? Acredito que seja mesmo, pois não é necessário grandes convivências ou conhecimentos; quando chega a oportunidade de nos encontrarmos é como se tivéssemos convivido sempre... Interessante!


Citando apenas alguns, que minha família é enorme...

Primas e primos:

Cresci junto com Claudinha, ela me mostrou que dá para ser independente e resolvida desde pequenina.

Eládio e Alexandre, também estiveram presentes nos primórdios e me mostraram depois (mesmo de longe) uma trajetória de união e sucesso.

Susan, Ângela, Mônica e Edilinha cresceram antes e abriram caminho para as minhas reivindicações. Obrigada! Rsrs

Lucinha e Ana Emília, que nem foi necessário convivermos para que nesse momento elas estivessem tão próximo.

Isabella e Flavinha, irmãs, e igualmente vencedoras em suas batalhas de vida. Me ensinam a ter fibra e seguir em frente.

A segunda geração de primas, filhas de primas, gente muito boa: 
Manu e Cimilla, se ainda não constam da “geração índigo”, posso observar que suas cores já estão em um azul bem escurinho... pessoas especiais!      
             

 Das Tias e tios recebo tanto carinho, que nem sei se sou capaz de contribuir à altura. Vai aí só uma amostra grátis, do infinito de tios que tenho: Madinha, Tia Laura, Tia Edila, Tia Maria Emília, Tia Flora, Cristina, Cláutenes, Tio Flávio, Tio Arlindo,  Tia Ana, Joãozinho, Maurício...

Avôs queridos que estão todos no céu: Voroco Arlindo, Voroco João, Voroca Anália e Vovó Stella. Apenas a que levo o nome não tive a felicidade de conviver, mas, com certeza, de todos levo ensinamentos para toda a minha existência...

Os meus afilhados pacientes que me permitem tentar ser uma madrinha “marromenos” na atuação, mas que os quer muito bem, tá Vic, Bernardo e Enrico? Minha sorte é que me ofereceram afilhados muito gente boa...  Adoro aprender com os mais jovens...

Minha “nova” família Lopes da Silva, que me mostrou que, por amor, a qualquer altura da nossa vida, é possível agregar novos membros à nossa grande família e serão muito bem vindos : Cunhada Andrea, D. Zélia, sogra querida e Seu Zezinho, sogro.


Será que tem lugar melhor para aprender lições de vida que no trabalho? E se esse trabalho for o Serviço Público? Já me falaram que se trata de um supletivo de 2°, 3° grau, com direito à graduação e especialização de quebra.

Como eu sou muito sortuda mesmo (não nego!), peguei os melhores professores, os mais pacientes... UFA!


Agradeço demais a esses queridos: Agostinho, Jorge, Marcão, Carlos, Alexandre, Ugo, Fábio, Leilinha, Marília, Érica, Joelma, Aninha, Andréia, Zé Eduardo, Eduardo e muitos outros.

De outros trabalhos, conheci várias pessoas maravilhosas, destaco: a Selma, que me ensinou a regar as velhas amizades, mesmo que a vida insista em distanciá-las e o Celso, que me demonstra a naturalidade do trabalho voluntário.


Graças a um tratamento maravilhoso, além de um estudo da doutrina que estou fazendo na Comunhão Espírita, estou em contato com pessoas do bem, de quem recebo tão boas energias e aprendo a beleza do trabalho voluntário: Valéria, Regina, Luciana, Colegas do Passe, Palestrantes, Professora Andréia...


Do pessoal que trabalha na minha casa, admiro e valorizo a importância de todos os trabalhos: Zuleide, Seu Antônio e Auricélia.

Da vizinhança, que não tenho a convivência, porém consigo perceber pequenas rotinas que me permitem admirá-los: Seu Maury e D Cilúlia, Suely e seu filho e Letícia e Matheus.



A empreitada de viver o “sonho americano” começou muito bem. Conhecemos e ficamos amigos de um casal inesquecível e exemplar João e Rosa, donos da casinha azul que nos abrigou nesse período; passando pela Mary, vizinha nos EUA, de uma dedicação imensa; chegando às minhas “amigas da ONU”: Claudia (Colômbia), Qiulin (China), Sekyong (Coréia do Sul) e Hayat (Marrocos), que me mostraram que amizade não se explica, supera costumes, continentes, línguas, conceitos, looks, idades, hábitos, religiões... o que for.



Amigos de juventude (de ontem, praticamente), que se a vida “armou” para nos separarmos no nosso dia a dia, com certeza não apagou as nossas memórias e os bons sentimentos: Alex, Estela, Rodolfo, Anete...




Às pessoas religiosas; padres, líderes espirituais, pastores, irmãos, médiuns; que tive a oportunidade de estar presente em suas missas, cultos, sermões, conversas; contribuíram para aumentar a minha fé e ter a vontade de buscar o meu caminho espiritualista.

O meu atemporal agradecimento aos meus amigos espirituais, uns velhos conhecidos, como meus avós e tios; outros que apesar de nem ter conhecido, como minha vó Stella, pressinto que ela está comigo em todo o meu caminho. Outros, ainda, que não conheço, mas, que por algum motivo, me acompanham, protegem e me intuem no caminho do bem.

Aos que não bateram as botas mas deram um chá de sumiço e me ensinaram que é dessa forma que NÂO se deve proceder. Gracias! Essa lição eu acho que aprendi.

Aos que tiveram presentes no BLOG, me apoiando, dando dicas, fazendo perguntas, elogiando ou deixando uma marquinha, um abração apertadão: Hilda, Érica, Luciana, Marília, Fabiana, Aninha, Eduardo, Dani, Rosana, Adriana Ribeiro, Tia Ana Virgínia, Hermes, Fábio Camargo, Alex, Sieglinda, Isabella Arruda, Cláutenes, Tio Flávio, Andréia Santos, Andrea Lopes, Izaurinha, Silvia Escovar, Ellen Morbeck, Paulo Emílio, Cris Monice, Paulinha Teixeira, Luciana Bhering, Lilian Rodrigues, Kátia Kitajima, Mônica lima, Cimilla, Leila Cabral, Vânia, Lucia Miranda, Ana Emília, Kharen, Ana Maria, Arlene, Tio Arlindo, Lucinha, Liz Taranto, Naná Rodrigues, Simone Miranda, Bobii Miranda (João Ângelo) e Ângelo, além de outros que o vilão Google + apagou da minha lista e eu esqueci... Sorry!

E outros que não conseguiram desempatar algumas batalhas entre o BLOG e o Google + (e eu me incluo), e que mesmo assim transmitiram suas mensagens, nem que fosse por fumaça, para mim. Viva Tia Edila, Tia Maria Emília, Vânia, Kharen, Glauce, Maria Tereza, Beth Braga, Vera Vilhena, Cristina Bernardino, Joelma Henriques, Rosa Bugarin, Ana Cristina, Paulo Emílio, Júlia Escovar, Silvia Escovar, Izabel Cristina, Susan Miranda, Fabrizia, Laura Cláudia, Paulinha Teixeira, Teka Borges, Dorise Cordovil, Suzana Guimarães, Selma Paiva, Silvia Pantoja, Maurício Barros, Edila Porto, Euler e Sônia, Naninha Xavier, Clarinha, Gabi Arruda, Tia Izabel, Izabel Cristina Lívia Paiva, Flávia Cordovil, Claudia  Carlos Rocha, Leila Frossard, Leilinha, Agostinho, Jorge Maroni, Alexandre Murad, Ugo Curado, Eliane Albuquerque, Claudia Estrada, Hayat, Qiulin, Sekyoung, Alê, Claudinha, Ângela.

Aos ilustres desconhecidos que passaram aqui pelo BLOG, mas que não tive a oportunidade de conhecer. Espero ter marcado de alguma forma a vida de vocês, feito refletir ou despertado algum bom sentimento. Até agora já foram mais de 6,5 mil acessadas... UAU!!! Devo ter tido a visita de muitos buena gente... gracias!


Well, o fato é que estamos a todo minuto aprendendo como os outros. Ora com esses desconhecidos por aí e muitas horas com os nossos queridos mais próximos, pois foram esses os destinados a serem nossos professores na vida.

Podemos aprender até mesmo com o contra-exemplo, não é mesmo?

Vamos manter o nosso espírito aprendiz sempre alerta e os todos nossos sentidos dispostos a captar o que é bom para nós.

A lista das pessoas que deveria agradecer é definitivamente inesgotável e impossível de ser reproduzida aqui, em sua integralidade, afinal já tenho alguns aninhos de estrada...

Por isso, não fique brabo comigo se seu nome não está por aqui.

Está aí uma excelente oportunidade de aprender com meu péssimo exemplo de ser uma pessoa preguiçosa e nada persistente de ficar escrevendo dias e dias a fio o nome de toooodo mundo... Oh vida cansada!    

Só peço a vocês de não desistirem de continuar me ensinando, porque posso dizer que essas lições serão muito bem aproveitadas por mim.




Porém a pergunta que não quer calar:
- Será que vai dar para passar?

E a resposta:
- Eu dou, eu dou, eu dou... OPS!!!!



Ps: Se você conseguiu chegar até aqui (Parabéns!) e não viu seu nome... : ( escreva para mim e poderei reparar essa injustiça... Sorry!












quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Impotente, quem?


 





Resolvi me fazer uma perguntinha básica:

- Quem é o impotente dessa história, o câncer ou o paciente?
É claro que, como garota esperta que sou, já estava de posse do gabarito oficial; e a  resposta é: o câncer.


Nem precisei matutar muito para embasar essa assertiva.

Uma colega de luta me mandou um texto do Dan Richardson que dizia:
“O câncer é limitado...

                                    Não pode mutilar o amor,

                                   Não pode corroer a fé,

                                   Não pode extinguir a paz,

                                   Não pode destruir a confiança,

                                   Não pode matar a amizade,

                                   Não pode excluir as lembranças,

                                   Não pode silenciar a coragem,

                                   Não pode invadir a alma,

                                   Não pode reduzir a vida eterna,

                                   Não pode apagar o Espírito,

                                   Não pode diminuir o poder da ressurreição.”

 Ele não pode contra nós, que não somos Anitta, mas somos as toda-poderosas e damos um show contra ele.
Não é mesmo Adele?

 Ele (o câncer) pode, na verdade, é a nosso favor, com o nosso consentimento, tornar-nos ainda mais fortes e mais cheias de vida, dispostas a lutar contra o que nos ameace.

 Só de entrar na luta já somos chamadas de guerreiras. Guerreiras fadadas ao sucesso.

De um jeito ou de outro o câncer perde, e perde feio. Não sei nem por que insiste em nos desafiar. Vai saber...

sábado, 31 de agosto de 2013

10 dicas para atravessar a tempestade






A tempestade a que me refiro, nem sombrinha, nem capa de chuva pode amenizar, mas quem sabe essa listinha possa ajudar:










1 – Enfrente a tempestade de frente!
Não se esconda! 
Você, inevitavelmente, se molhará, mas logo estará sequinha em folha.

2 – Não supervalorize a sua tempestade!
Não a encare com lentes de aumento. 
Tente levar sua vida a mais normal possível. 
Não dê “pano para manga” para ela crescer para o seu lado.
Chame sua tempestade carinhosamente de “garoinha”.

3 – Pesquise!
Bem informados somos mais poderosos.
Durante sua  busca por informações, não se impressione com as más experiências dos outros (com suas tempestades particulares). Saiba que cada caso é um caso, e que o seu “tá dominado” por você.

4 – Apareça! E de quebra, Cresça!
O simples fato de expor o seu problema aos outros pode ajudar você, e ainda, de quebra, os outros.
Já reparou que ao contar um problema ele se torna bem menor do que era na sua cabeça?
Mantenha-se acessível aos amigos. Não se isole!

5 – Viva saudável!
Posso dizer que estou careca de saber que reeducação alimentar e exercícios físicos são primordiais à saúde.
Agora é a hora de levar a sério!

6 – Olho vivo na balança!
Falo daquela que podemos subir, não da comercial...

7 – Mande o estresse para a PQP!
Essa é uma luta de você com você mesma.
Quem sabe meditação, ioga, respiração, pintura, jardinagem, esporte, dança... algum desses ou todos juntos e mais alguns outros podem vencer esse vilão.

8 – Dê as mãos ao Divino!
Hora de aumentar sua fé e praticar toda a sua espiritualidade.

9 – Cuide-se, por dentro e por fora!
Vale a pena investir na beleza interior. Afinal será ela a origem de tantos olhares em sua direção... hehehe

10 – Prepare-se! Está surgindo a melhor versão de você mesma.
Se ainda não percebeu, você pode dar uma forcinha...






Are you ready? GO!

domingo, 18 de agosto de 2013

É proibido reclamar!

Seria bem mais fácil viver nos tempos da Tropicália...

Enquanto Caetano Veloso cantava “É proibido proibir” em uma noite de domingo, em 1968, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo; ao público restava o papel de vaiar furiosamente a canção.

Ao passo que, para mim, projeto de gente, caberia preparar-me para adentrar a terra em breve.

Sorry para o Caetano Veloso que não conseguiu defender a mensagem de sua canção.

A música não pegou, mas o lema “É proibido proibir” foi adotado por muitos filhos de maio de 1968.

Perdi essa onda, onde tudo deveria ser permitido. Não colou eu querer utilizar o procedimento usual dos meus antecessores. Resolvi, então, inventar meu próprio mantra: “É proibido reclamar”.

É difícil, porém tenho o levado bem a sério.

A vontade, quase incontrolável, de queixar-me, vem, mas tento resistir bravamente.

Respiro!

Respirar é um ótimo exercício para dar um tempo ao status quo e tentar uma reviravolta em sua postura.

Quando estou comigo mesma é o que faço. Me olho. Se não dá para olhar olhos nos olhos, no “espelho, espelho meu”, me imagino, vejo meus pontos positivos, olho para dentro, foco nos pontos fortes e tento dar uma minimizado no meu problema momentâneo. Desprezando quem sabe ele vai embora.

Já quando estou acompanhada e surge-me a oportunidade de fazer um “comentário reclamativo”, suavizo começando a frase com um discreto “Não é reclamando não, mas...”.

Dito isso, o que vier depois está perdoado e, portanto, não será contabilizado como infração grave à minha mais nova lei de conduta: “É proibido reclamar!”.

Cabe ressaltar (homenagem a SOF *) que é uma lei pessoal e intransferível  Um desafio que prego a mim mesma, e só a mim. Bem verdade que escorrega um pouco para o filhão, que do jeito que pego no pé dele (com muito amor), em breve será canonizado. Só que não!

Aos outros, confesso que admiro o poder inventivo de suas reclamações. Acho divertido!

Não que eu ache graça da desgraça alheia... Oh não!

Refiro-me às pequenas coisas do dia a dia, que nem sei bem se poderiam ser classificadas como reclamações. Estariam mais para rabugices: A calça que encolheu ou a barriga que cresceu; o cabelo não domável ou a falta dele; o calor infernal ou o frio de lascar; a comida salgada ou a sem graça; os motoristas apressadinhos ou o trânsito que não flui; o excesso de trabalho ou a falta dele... são tantos os detalhes no nosso dia a dia que fogem à nossa percepção.

Reclamando, será que melhora? Um desabafo as vezes melhora, dividir seu problema com alguém alivia. Extravasar, por hora, resolve.

Pode desabafar comigo, que posso ser toda ouvidos...

Não pretendo chegar a ser nenhuma monja zen budista. Apesar de que se olhar direitinho já comecei praticando pela ausência de cabelos, pela simpatia pelo laranja e pela vontade (ainda controlável) de meditar. Será? Acho que não!

O pacto que fiz foi comigo mesma. Eu o elaborei, assinei, entreguei-me, re-li e assinei em baixo. Testemunha: eu! Beneficiada ou prejudicada; euzinha mesma.

Não posso reclamar de mim. Não posso brigar comigo ou ficar com raiva de mim. Me lamentar da vida. Implicar comigo. Não me gostar em nenhum instante, nem quando acordo, nem quando não durmo (e isso não é reclamação!). Não me perdoar, é proibido. Não querer estar na minha pele, nunca!

Eu me amo! Isso é amor antigo, testado pelos acontecimentos e solidificado com o tempo.

Só tenho o direito de reclamar de mim mesma para mim com o intuito de me melhorar. Melhorar para mim mesma e para os outros.


Não sei se vou conseguir, se já consegui algum progresso, mas não deixo de tentar e torcer por mim mesma: “Ô, Ô, Ô, a Stella é o terror!!!”.  






*SOF – Secretaria de Orçamento Federal

sábado, 27 de julho de 2013

Quero ser velha!

O dia em que se comemora o dia dos avós inspirou a minha mais nova decisão: Quero ser velha!

Alguns pirralhos devem estar pensando “tia, acho que você já alcançou o seu objetivo”... hehehe. Mas digo para esses fofos que “Não é bem esse estágio da vida a que me refiro. É um pooooouco mais adiante”. Avante!

Quero viver a fase da calma, da paz, da espera. 
Espera pelos netos! Já catequizei meu único filho (por enquanto) que ter um filho só é para os fracos. 
Pretendo me fortalecer em breve.

Meu “velho” vem sem rótulos de “3ª idade”, “melhor idade”... quero apenas ser velha!

Desfrutar do tempo, sem correrias, sem obrigações, sem rotina. Tempo para pensar, refletir, orar e quem sabe aconselhar... Será que encontrarei a vítima perfeita que possa ouvir minhas experiências? Prometo que não serei muito falante. Já repetitiva... não posso garantir... sabe a memória...

Não precisarei carregar o estigma de tricoteira ou crocheteira, até porque odeio agulhas. Irei para cozinha sim. Eventualmente. Quando der vontade de fazer gostosuras de vovó. Não jogarei baralho, nem dominó; nada de jogatina, meu tempo não estará tão ocioso assim...

Com certeza não serei uma velha com cara de tamborete esticado. Acho lindo rugas que provém de sorrisos, gargalhadas, beijos, biquinhos, olhares charmosos ou bocas sensuais e até as que se formam por sustos, preocupações, caretas... Todas contam um conto da nossa história.

Admiro os cabelos brancos. Presos ou soltos. Curtos ou médios. Longo não mamãe! Longo não! 
Acho curioso os coloridos. Se eu decidir optar pelo estilo “crazy old lady”, usá-los-ei indubitavelmente. Até lá decido!

Cada fase da vida é realmente muito especial. Acho que todos nós deveríamos vivê-la em sua plenitude. Com consciência. Respeitando as outras faixas etárias que temos o prazer de poder conviver. Cada geração seguindo o ritmo de sua época. Lembrando que ou já passamos por ela, ou para lá iremos.

Quero ser velha e ter o direito de falar e fazer o que quiser, sem ligar para o que vão pensar. Eles que pensem o que quiserem. Calma, Calma, pretendo ser bem mais “cabeça sentada” daqui para lá, ou não... hehehe

Meu filho já decretou “Mamãe, não se preocupe, vejo você com noventa e poucos anos”. E eu acredito nele. Para quem não conhece a figura, é de poucas palavras, tipo eu e o pai. Então quando fala... Tenho dito!


Pretendo estar acompanhada do meu velho. Resta saber o que ele pretende... Vai saber! Qualquer imprevisto começo a frequentar as festas dos anos 80, estarão bombando!



Medo da morte? Não tenho nem um pouco. O caso é de amor à vida mesmo... Iiihhh! É o título da novela... nem vem Walcyr! Cada uma!

Não faço questão de ser idosa (politicamente correta), quero ser é velha mesmo. Daquelas ora rabugentas (acho hilário velho rabugento! Vorocos!), ora palhaça (as piadas ficam bem mais deliciosas ditas por eles. Voroco Arruda!), ora doce (serei permitida até para os diabéticos), ora, o que me der na telha. Serei velha! Eu poderei!

Decidi também ser uma velha ativa. Dessas que dançam, viajam, fazem hidroginástica, caminhadas, cuidam do jardim e trabalham. Sim trabalharei! Não há como abrir mão da labuta. Acredito que “o trabalho dignifica o homem” além de ser imprescindível para a sociedade. Então, seguirei no trampo!

E vamos combinar de parar com o preconceito... Ser velho é bom! Mas os próprios velhos não querem ser velhos. Dizem que se sentem jovens. Tudo bem, que bom! Velhos com espírito jovem. Perfeito! Para mim está de bom tamanho assim.



Vou chegar lá, se Deus quiser... Vou com calma, passinhos curtos, vivendo um dia de cada vez, com muita paciência, mansuetude, postura zen... Afinal já tenho que ir treinando o estilo velho e lindo de ser.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Eu mereço!

Essa frase me vem a cabeça bem acompanhada de um engraçado sotaque do interior paulista.

Era a forma que um colega de trabalho se queixava das coisas, não muito boas, que aconteciam com ele por lá, pela labuta. O jeito dele de reclamar, pelo menos para mim, tornava qualquer tragédia mais light. Era assim que nos queixávamos da vida sorrindo da situação.

Uns aninhos mais para trás, voltando ao passado, lembro de uma tia muito querida afirmando, com convicção, que todos os abençoados acontecimentos da minha vida, eu os fazia por merecer. Ela até se exaltava, pois via minha cara de desconfiança.

Será que merecia mesmo? Tanta bênção, tantas coisas interessantes, e tudo caia na minha praia...

Eu não pude concordar com ela naquele momento, achava que falava isso porque gostava muito de mim e talvez visse mais virtudes do que na verdade eu tinha (modéstia é uma das minhas virtudes!).

Deixei, então, a teoria dela guardada em uma caixinha devidamente etiquetada “abrir em um futuro distante” e arquivada em algum lugar da minha caixola.  Talvez o tempo pudesse responder se essa conjetura era das boas.

O tempo passou, passou como tinha que ser e finalmente concordei. Eu mereço! 

Mereci cada acontecimento da minha vida.

Não me cabe julgar se foram bons ou ruins. Na verdade, o que pode ser aparentemente bom é ruim e o contrário também pode ocorrer. Viajante? É só ampliar o olhar desse mundo terreno e material, que pode ser que faça algum sentido.

Os fatos que vieram para mim foram todos bem recebidos. Uns chegaram meio assim de surpresa, exigindo minha máxima atenção e dedicação; alguns, até nem me achava lá muito preparada para aceitá-los, mas no final das contas dava um jeitinho e ficava tudo bem.

Quando estava na primeira fase do tratamento do câncer de mama, uma coleguinha de luta rosa, dessas bem falantes (não são as minhas preferidas...), foi logo contando a ficha médica dela toda para mim (logo para mim...), no final coroou dizendo que tinha sido muito abençoada por Deus pois o caso dela foi muito fraquinho.

Magoei! O meu tinha sido dos fortes. Teria que deduzir que não era abençoada então? Permaneci calada. Nem se eu quisesse falar não poderia, ela nem respirava na ânsia de descarregar em mim sua história. Discordei dela em silêncio. Porém, mereci escutar esse relato.

Eu mereci me dar bem na vida escolar, universitária, nos meus empregos.

Mereci cada chefe... será? rsrs

Mereci pais dedicados... eu mereço!

Mereci meu príncipe cearense arretado montado em um jegue réio. E a recíproca é verdadeira, ele me merece, se merece! Hehehe

Mereço meu filho querido no auge de sua adolescência.

Mereço minha casa maravilhosa, minha rebelde cachorrinha.

Mereci nascer em Belém (da próxima aceito um berço mais friozinho, ok?)

Mereço ser brasileira e ser obrigada a não desistir nunca.

Mereci meus tempos de “gatinha” e mereço estar horrorosa ultimamente.

Alguém deve estar pensando “que exagero!”. Porém, digo, não é drama gratuito, acreditem em mim. Não vou descrever minha “desabonitesa”, ou expô-la em sua integralidade, afinal continuo me amando e com toda força, mesmo depois do “desmonte” dos artifícios camufladores disponíveis no mercado.

Há quem diga que a montagem, no estilo drag queen, é tipo um tiro que sai pela culatra. Mas gosto de me fantasiar, mesmo assim, me disfarçar de mim. É digno e justo!

O meu amor por mim deve ser do tipo “Amor eterno, amor verdadeiro” que a Débora Seco marcou em sua tatuagem para um dos vááários amores dela, só que não.

E o meu não é cego, vejam só!

Uma amiga minha diz que eu vejo tudo bonitinho porque minha vista anda um tanto cansada... Adooooro amigas sinceras. Apesar de partilhar com o Cazuza a máxima “mentiras sinceras me interessam”. Não esqueçam disso amiguinhos!

Eu mereço minhas amigas! Amigos também! E eles todos também me merecem!

Provavelmente chegará o tempo em que saberemos diferenciar o merecimento bom do ruim, ou não, como diria Caetano. 

Enquanto isso não chega, fico com o “Eu mereço!” (sem veredito e com sotaque paulista) que é bem mais divertido.