Estava
indo a padaria comprar o pão nosso de cada dia. Para isso, teria que passar
pela frente do cabeleireiro, lugar que ando fugindo ultimamente.
Não
sou muito fã de salões de beleza, os evito ao máximo, só quando não aguento
mais olhar no espelho e ver a mesma cara, digo, cabelo refletido, é que me
dirijo a um lugar como esses.
Nos
últimos tempos andava frequentando a área.
Tudo
começou como uma vontade incontrolável de ser “Marilyn” (a Monroe, claro!).
Dirigi-me, quase sem pensar, a um salão aqui do meu bairro. Deveria ter
raciocinado que coloração, e das bem radicais, é coisa séria. Poderia ter me
informado, pesquisado um bom profissional da área, essas coisas.
Cheguei
no salão. O colorista principal não estava (um sinal!), mas estava uma lá, que
penso ser a “aprendiz de colorista”, que depois vim comprovar estar ainda nas
primeiras lições e não ser uma aluna muito aplicada. Ela seguiu descolorindo
mecha por mecha na mais perfeita calma. Já se iam 2 horas, adentrando na hora
do meu almoço e nada. Ela alegava que meu cabelo era difícil de “abrir” a cor.
Cabelo
lavado, escovado e não me lembrou, nem de longe, a diva.
O
fato é que surgiu uma “coleguinha de salão” que foi logo concordando com a
cabeleireira dizendo que eu ficava mesmo melhor de “Norma Jeane” que Marilyn.
Fui
obrigada a voltar outras vezes nesse salão para reparar o estrago. Hidratar,
retocar a cor (não desisti de ser Marilyn), hidratar de novo... e sempre
encontrava a coleguinha dos comentários apaziguadores.
Nesse
dia, que eu tentava passar despercebidamente pela porta do salão, me surge a tal coleguinha perguntando-me, com um sorriso aberto no rosto:
-
E o que temos por debaixo dessa touquinha? está loura ou ruiva?
Ai
meu Deus! Tenho mesmo que responder?
Não
nego que saiba representar. Me dê o roteiro que a atriz baixa em mim. Mas para
isso é necessário ensaiar a minha performance. De improviso fica difícil.
Prefiro fazer a “sincera”. Dá menos trabalho. Então respondo:
-
Nenhum dos dois.
O sorriso da coleguinha
desapareceu e deu lugar a palavras de consolo e de esperança. Fiquei
sensibilizada com ela quando a vi, da mesma forma, comovida comigo. Talvez
nessa hora tenha sido “enterrada” uma sem noção.
Nessa altura do campeonato, será que ainda
aprende?
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Dentro
do meu eixo Padaria-supermercado encontro um senhorzinho que mora nas
redondezas, e apesar do pouco convívio e das esparsas palavras que trocamos, o
consideramos amigo da família.
Simpatia,
afinidade e amor, por que não, realmente não se explica. Gostamos dele desde o
início em que nos mudamos para o nosso atual endereço, há um ano atrás. Já
trocamos algumas histórias das nossas vidas e ele nos deu preciosas e sabias
dicas de quem já viveu mais que nós.
Descobrimos
que além do amor pelas plantas, tínhamos em comum o câncer na família. A esposa
dele também lutava arduamente contra um desses. Não sei muito bem de que tipo,
mas sei que o negócio não está muito fácil por lá.
Toda
vez que nos encontramos, ultimamente, ele está cabisbaixo e alquebrado.
Esta
aí uma desvantagem de casal muito unido: um adoece e o outro é que parece sentir
mais o baque. Vou exigir que o meu marido ande por aí abatido também... mas só
fingir... eu mereço!
A
penúltima vez que vi esse senhor foi quando ele parou em frente a minha casa
perguntando por que tinha um carro de laboratório parado na minha porta. Expliquei para ele que o laboratório vinha toda quinta aqui em casa. Ele
perguntou se era algum problema com a minha mãe (as mães é que pagam o pato...
rsrs). Expliquei que era comigo. Então ele seguiu, imagino que sem entender
muito bem, não perguntou mais nada, mas a pulguinha deve ter ficado com ele.
O
mais recente encontro que tivemos estávamos na padaria perto de casa. Estava na
hora dele desvendar o mistério que ficou pendente. Diante do meu look, de lenço
amarrado na cabeça, ele foi logo “entrando de carrinho” e fazendo jus a um
cartão vermelho:
-
Mas você está careca?
Sim!
Expliquei que assim como a esposa dele, também estava em tratamento.
Aí
vieram as perguntas “check-list”. São os questionamentos que surgem quando
descobre-se que a outra pessoa passa pelo mesmo problema. Coisas como: Onde
você faz o tratamento? Por quanto tempo? Você enjoa? Como é sua imunidade? Essas
coisas.
O
problema é quando surgem perguntas inusitadas que você nem saberia que poderia acontecer,
como: Já afetou sua memória? Vixe! Preocupei! Deveria afetar minha (já péssima)
memória? E se já afetou, será que eu lembraria que ando esquecida?
Ai
meu Deus, esse povo... é preciso muito amor no coração.
ai, ai, amiga, assim você vai ter que evitar a padaria, não é possível!rsrsrs
ResponderExcluiradorei o texto...bjs
"Eles" estão por toda parte... rsrsr
ExcluirVou te contar amiga, eu não consigo ter todo esse amor no coração...as pessoas são muito curiosas na vida alheia (para não dizer bisbilhoteiras)e se cada um cuidasse da sua própria, não seria tão desagradável!
ResponderExcluirMas não pense vc que é a única vitima dos sem noção...ano passado, por exemplo, passei por muitas indagações de curiosos desocupados por conta da minha separação. Basta acontecer algo na vida da pessoa para gente que nunca nem te deu um bom dia se aproximar e fazer as vezes de amiguinha...Aff!!! É preciso ter é muita paciência e classe p aguentar, isso sim! Mas ainda bem que somos pessoas zen hehhe...bjsss
é verdade amiga!
Excluirmas qto aos "meus" sem noção, hj em dia consigo achar graça deles... de verdade! ao menos eles me servem para dar vida aos personagens do meu blog. bjo!
Acredito que existem os sem-nocao realmente sem nocao e os sem-nocao que so fingem nao ter nocao. Os primeiros , eu acho, tambem sao sem intencao, mas os segundos....rsrsrs deu pra entender? Na minha opiniao, ate agora os seus sem-nocao foram bem intencionados, ou pelo menos desintencionados. Vamos esperar que os outros nao cruzem os nossos caminhos, mas se cruzarem Vamos tirar de letra. Normalmente Falsos sem nocao sao facilmente desmascarados rsrsr
ResponderExcluirPuxa amiga, acho que vc desenvolveu uma tese psico social com o perfil desses cidadãos... hehehe
ExcluirMuito bem!
bjo!
Oi Stellinha! Estou adorando suas histórias! Beijos!
ResponderExcluirQ bom Marília! bjo
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrima, acho que o brasileiro já nasceu com um defeito no cromossomo que carrega o gene do bom senso... Só muito bom humor para enfrentar!! Beijos!!
ResponderExcluirq bom q temos de sobra... =)
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